Saturday, November 25, 2006

Diversas 2

Ultimas novidades!!! A Giu perdeu dois dentes no mesmo dia, no caso ontem. Olhem so a porteira dupla embaixo. Como é que pode ser tao linda e tao banguela!

O Pedro começou a aprender voilao na escola. Hoje compramos um violao pra ele. Por enquanto ele so toca 'Smoke in the water' do Deep Purple, mas em seguida vai tocar MPB também... Bem, se ele quiser.

Em Laval, 16 horas e 15 minutos de um lindo dia de sol (hoje!). Acreditem, ja era quase noite. É a invernada começando...

Diversas 1

Deu um tempinho pra colocar algumas fotos dos ultimos eventos... Voila!
A Giu e a Gabi fantasiadas para o Hallowen. A Giu é uma linda vampirinha e a Gabi o Super-dog.
O Pedro é um...acho que é um carrasco... dos mais méchants!
Bom, ai o bicho pega! Pra começar eu juro que nesta foto estao 3 guris (acreditem ou nao...). Um casal de piratas (muito do bem!) e o meu Norman Bates. Pois é, transformei meu marido no astro de Psicose, tudo bem que ele enfeiou, mas vai dizer que nao ta perfeito! Aqui somos nos na comemoraçao familiar do meu niver. Obvio que fomos no Julliette Chocolat, que é a melhor chocolateria de Montréal. Ponto turistico mesmo. Este ai é o fondue de chocolate, nada a ver com o nosso fondue de Gramado. Olha o que 'aquece' , uma velinha das mais meigas...hehehe Par contre, o chocolate é purinho (e maravilhoso) e nao uma mistureba com manteiga e leite e nao sei que mais (que por sinal também é bem bom).Realmente orgasmico nao tenho outra descriçao!

Friday, November 24, 2006

Stéphane!!! Je t'aime très fort!

Precisava urgente falar pra voces de Stéphane. Tô apaixonada por ele (no sentido biblico, claro)!Calma, nao estou tornando publico um caso extra-conjugal! Eu sempre tenho um cronista preferido (acho que voces ja perceberam que eu AMO cronicas). No Brasil era a Martha Medeiros. Ah, que eu adoro ela! Os mais intelectuais que me desculpem, mas Martha é demais! A simplicidade, a sinceridade, o homor que ela coloca em seus textos fazem com que a gente possa lê-la por muitas horas sem se dar conta. Eu amo ela! Daqui, tenho que me contentar com um pequeno site das cronicas (velhas, diga-se de passagem) ja publicadas... Paciência... Mas como é bem a minha cara, logo arranjei um outro amor. Uma amiga brasileira me apresentou um livro dele.Stéphane Laporte! Bem estilo Martha, mas em frances, o que me ajuda a treinar. Ele é cronista no jornal La Presse e o livro era justamente um compacto das cronicas dominicais. Eu dei tanta risada no metro que voces nao podem imaginar. E seguida devolvi o livro mas agora quero comprar ele e qualquer outra coisa que este homem publique. Pra quem, como eu, é obrigada a passar dia (e as vezes a noite) lendo textos cientificos, um Stéphane na vida é um pouco de oxigenio nos pulmoes. O livro que li chama-se Croniques de dimanche. Alguns dias depois achei o blog dele na internet. Pena que la sao textos mais curtinhos, mas mesmo assim tem coisas muito legais, como por exemplo essa amostra gratis que coloquei pra voces aqui embaixo. Trata-se de uma cronica sobre o status de 'naçao' que o governo Harper deu a Québec um dia desses. Voces so precisam ler em frances (alias, québecois)... Meu amor é québecois...En tout cas... Nao é o suficiente para apaixonar ninguém, mas pra mim ele ja entrou na lista dos mais amados.Voici!

Le Québec est un Tanguy
Tous ces discours sur la nation québécoise m'incitent à partager à nouveau avec vous une chronique écrite au lendemain de la dernière Saint-Jean.

CHRONIQUE DU DIMANCHE 25 JUIN 2006
C'était hier la Fête nationale du Québec. Mais était-ce vraiment la Fête nationale du Québec? Parce qu'une fête nationale, normalement, c'est la fête d'un pays. Et le Québec n'est pas un pays. Ben non. Pas encore, disent ceux qui fêtent le plus la fête nationale du pays qui n'en est pas un encore. Nous sommes les seuls, les Québécois, à fêter avant le temps, avant l'événement. Comme si les Français avait fêté le 14 juillet avant de prendre la Bastille. Comme si les Américains fêtaient le 4 juillet avant d'être devenus indépendants.On appelle ça mettre la charrue devant les boeufs. Ou, en langage de 24 juin, mettre le char allégorique avant les polices. Le problème avec le fait de fêter une fête nationale avant d'avoir fait les gestes qui permettent de devenir un pays, c'est que tu n'as plus vraiment envie de les faire. On est bien. On peut agiter notre drapeau. Chanter Gens du pays. Crier que le Québec est un pays. On se croit entre nous autres. Pas besoin de faire de sacrifice. Aucune tête n'a roulé comme durant la Révolution française. Aucun soldat mort au combat comme durant la Révolution américaine. Même pas besoin d'avoir vécu les soubresauts économiques qu'entraîneraient un oui au référendum. On peut continuer à voter non et fêter notre pays le Québec à la Saint-Jean. C'est formidable!Qu'est-ce qu'on a fait pour mériter de célébrer une fête nationale? Absolument rien! Plus québécois que ça, tu meurs! On a juste eu besoin qu'un gouvernement déclare que dorénavant le 24 juin n'est plus la fête des Canadiens français, c'est désormais la Fête nationale du Québec. Voilà. C'est tout. Pas plus compliqué que ça. Ça fait pas mal. Bien sûr, le gouvernement qui a voté cette loi est un gouvernement provincial. Donc régional. Mais ça ne fait rien. Il peut décider que c'est une fête nationale quand même. Comme il peut décider de la couleur du beurre est rose. Suffit que monde embarque. Et le monde embarque.
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Stéphane Laporte blog 24 novembre 2006.

Tuesday, November 21, 2006

9 meses ou Sobre o esforço

E aqui estamos nos, caindo no maior senso comum em dizer: nasceu! Devo dizer que esta foi minha 'gestaçao' mais rapida... Talvez porque nao tive que carregar um excesso de peso no ultimo mês... Talvez porque nao havia um produto final esperado (e bota esperado nisso) no final. Sei la! O fato é que esses nove meses passaram mesmo muito rapido. Ontem a noite, me dando conta que deveria postar alguma coisa sobre os nove meses (como fiz em todos os outros), fiquei procurando um assunto chave que tivesse me marcado ou surgido em meus pensamentos nesse ultimo mes. Ai pensei que poderia falar das amizades. Sem duvida minhas relaçoes de amizades foram assunto de varias divagaçoes pessoais esse mês. Amigos novos, amigos antigos, afinidades, descompassos...Posso dizer que investi um certo tempo pensando nisso. Ainda hoje falava com uma amiga sobre o quanto a afinidade que temos com algumas pessoas pode fazer com que, mesmo passando muito tempo sem se ver, quando estamos perto é como se nunca tivéssemos nos separado... É mesmo engraçada essa historia de afinidade. Mas finalmente descobri que nao estou pronta para falar sobre isso e ai o assunto-chave do mes me veio como um raio. Pensei, vou falar do 'esforço'. Desde muito, muito cedo na minha vida (muito cedo mesmo) que eu reflito sobre o esforço. Na minha lembrança meu irmao sempre foi visto como o genial e eu como a 'esforçada'. Pode ser que isso nao tenha sentido nenhum na realidade, mas aqui importa é a vivência, e foi assim que vivenciei a situaçao. Por muito tempo isso me pentelhou a vida. Saco esse lance de nao ser genial! Ser esforçada da muito trabalho. Enquanto eu estudava toda santa tarde, meu querido e genial iramozinho, brincava, mexia no seu computador (se é que hoje em dia um TK2000 pode ser ainda considerado computador), via televisao. Sorte a dele de ser genial! E ele é mesmo genial, mas hoje devo dizer que lido bem melhor com isso. Depois dos trinta acho que desenvolvi a tendência a me preocupar BEM menos com besteiras, encucaçoes, neuras, traumas... Ja devo ter vivido meu primeiro quarto de vida (sim quero chegar aos 120), nao da mais tempo pra babaquices. Mas ai eu chego aqui no Québec e percebo, empirica e teoricamente, que o esforço tem um valor muito diferente do que no lugar onde fui criada. Outra vez: nao estou querendo dizer que no Brasil todo é assim, ou que em todo o RS é assim, apenas no meu contexto de vida isso se passou assim. Na minha experiencia o produto final foi muito mais valorizado que o bendito do esforço. Quer dizer: se deu certo significa que tu te esforçou, se nao deu... te puxa, meu! O problema é que as vezes mesmo que a gente se puxe muito, o troço nao rola, por um motivo ou por outro. E todo esse assunto me voltou este mês por que foi a entrega dos boletins das crianças. Dai eu notei que, entre os aspectos avaliados pelos professores esta la: esforço. Nao sei em outras escolas, mas em todas que eu e meus filhos estudamos no Brasil, nunca vi ninguém pontuar formalmente o esforço de uma criança em uma avaliaçao. Claro que deve ter escolas que façam isso, mas eu nunca vi. Ai me dei conta e comecei a divagar sobre o quanto esse tema é mesmo corrente por aqui. Diversas vezes na universidade, percebi o quanto o fato de tu te puxar é valorizado (por outro lado os folgados sao rapidamente... digamos.... queimados). Um dia tive que apresentar um texto em aula, bem no comecinho. Toda encagaçada fui perguntar pra professora se eu podia preparar um power-point pra me ajudar. Ela achou o maximo. No dia da apresentaçao, so pra resumir, fiz até novas amigas. Enquanto eu me 'debrouillava' o melhor que eu podia, tinha uma turminha que demonstrava o maior interesse, concordavam com a cabeça, se animavam na discussao. No final fui la agradecer e elas me disserma o quanto achavam legal alguém que se esforça tanto, que adoraram meu power point e nao sei que mais. Nunca tinhamos nos falado, ficamos amigas. Achei isso tao bonito que nem sei. Parece que depois que me aceitei como 'nao-genial' e 'esforçada', vim a descobrir o quanto o esforço tem valor, o quanto o caminho para chegar aos fins é tao importante e valorisavel quanto os fins em si mesmos, o quanto tem um lado bom esse lance de se esgualepar. E devo ter passado isso de alguma forma para as crianças, por que segundo os professores dos dois, eles ' travaillent très fort', sao realmente muito esforçados. Orgulhos de mami! Do meu lado eu continuo por aqui me esforçando: para réussir todas as disciplinas, para fazer um feijao comestivel, para passar mais tempo com meus filhos, para passar mais tempo no bureau, pra espichar as 24 horas do dia, para nao reclamar quando o Rudi puxa as cobertas, para encontrar tempo de falar com quem eu amo, para atender as expectativas que colocam em mim e, especialmente... para nao me estresar com tudo isso!!!hehehe E assim eu vou me encontrando nesse Québec de meu Deus!

Thursday, November 16, 2006

Permitidos!

Ando com tanta, tanta, tanta sorte que estou pensando seriamente em jogar na LotoQuébec...hehehe Mas falando sério, o Cara la em cima nao me aguenta mais... Cada vez que vou pedir (mais) alguma 'coisinha', parece que vejo a cara dele... 'Ai, la vem ela de novo... Que que é agora, Mylène? Ja nao deu por enquanto? Tenho mais o que fazer, sabia, fofa?'; e eu aqui de baixo ' Pô, tô sabendo... desculpa ai... pô valeu por tudo, hein... Era so mais uma coisinha, assim.. pequeninha... e prometo que nao te encho mais por....hummm... uma semana (?).' E Ele: 'Manda logo!'. E ai eu vou explicando, pedindo, me desculpando. Ninguém me merece... Claro que isso tudo é so uma brincadeira por que se Deus tivesse o saco cheio, nao seria Deus, seria uma criatura limitada como nos. Em todo o caso, imaginar esse tipo de cena me faz lembrar de tudo que eu JA tenho, e agradecer muito, antes de inventar de pedir mais alguma coisa. Mas indo ao assunto do post, ontem tirei o meu permis de conduire. Isso significa que estou 'permitida'...hehehe O Rudi ja tinha tirado ha algum tempo, mas acho que a nossa saga vale a pena contar. Bom, perimeiro, tudo que é cucaratcho que tem que trocar o permis aqui na regiao de Montréal, tem que ir ao bureau da SAAQ no Boul. Henri Bourassa. Primeiro tem que ligar e marcar um rendez-vous. Bom, eu e o Ru fomos juntos e passamos a manha inteira la... Isso foi dia 06/10. Ai tu abres teu dossiê, entrega documentos, faz o exame de vista e ... se tu quiser... faz o teste teorico num computador. O Rudi até que tinha estudado, mas a anta aqui pensou que era ' mais ou menos a mesma coisa' que no Brasil, e como eu tive que renovar minha carteira de motorista antes de vir... So esqueci um pequeno (mesmo minimo) detalhe... no Québec É diferente! Das três sessoes do teste, tomei pau em duas. O desinfeliz do Rudi passou de primeira e ficou uma semana me chamando de 'échouante' (em bom franguês: fracassada, reprovada... abobada). Tive que aguentar. A coisa boa é que, as partes do teste que tu foste aprovado, nao vais precisar fazer de novo. Bem, um mes depois consegui outra data para ir la fazer o bendito (07/11). Enquanto isso, o Rudi conseguiu uma data para fazer o exame pratico. La foi ele, todo se achando... Tomou pau (échouante, échouante...!!!!hehehe)... Brincadeira, fiquei super chateada, mas paciência... O pratico é MUITO mais pentelho que no Brasil. Tem uns tais de 'angle mort', os angulos mortos que nao aparecem nos espelhinhos, que eles exigem que tu olhe cada vez que tu vais fazer qualquer tipo de conversao... Nao olhou:rodou! Um monte de detalhes, que alias fazem muito sentido, mas que nos faziamos meio que automatico, sem nos dar muito conta... enfim... Ele voltou pra casa todo desenchavido ( e mansinho) e deu um jeito de conseguir outra data logo. Fez e passou! Viva, um permitido na familia. Ai fui eu fazer a parte que me faltava no teorico. O pessoal da universidade quase se matou de rir que eu sou capaz de ser aceita num doutorado, mas nao consegui passar no exame da SAAQ. Claro, né, pra eles é facil!!! Estao acostumados com essas plaquinhas de neve e trem que eu nunca tinha visto! Mas na real, o erro foi meu de nao ter sequer abrido o livro. Mas ai, mesmo encagaçada de medo da vergonha que eu ia passar se nao réussisse (outro franguês), consegui! Meu exame pratico foi ontem. Uma boa tatica para conseguir logo uma data para fazer o exame pratico é, quando te perguntarem onde tu queres fazer, diz: onde tiver uma data mais proxima. Ai o cara do comptoir se puxa pra verificar todos os lugares possiveis e tu adiantas tua vida. Ainda bem que consegui uma data em Laval mesmo. O cara que me examinou foi muito tranquilo, eu é que tava meio desesperada... nao de insegurança com o carro (embora fosse automatico e eu sou acostumada com manual), mas por que se nao passasse ia ter que pagar outra taxa de C$ 25.00 pra fazer o exame e mais C$49.00 pra alugar o carro (que tu alugas la mesmo pertinho da SAAQ) ... pas drôle de tout! Fizemos um circuito que parecia nao terminar mais e da-lhe ponto morto pra la e pra ca.. sinalizaçao, pedestre pentelho se atravessando, obra... tudo que é tipo de imprevisto... No fim ele me perguntou o que eu mudaria na minha forma de dirigir. Eu disse umas coisinhas e ele me falou que ficou claro que eu era bem experiente e cuidadosa... ou seja, RÉUSSI!!!! Fiquei feliz que so. Acho que sairam duas toneladas de peso das minhas costas. Almoçamos fora e compramos algumas lembrancinhas de Natal, para comemorar!!! Afinal, nao é todo dia, né? Entao é isso, mais um passinho de cidadania... Apesar do caminho nem tao curtinho assim, aproveitamos tudo para dar muita risada. E o Rudi vai ter que amargar para sempre o fato que, desta vez, o gafanhoto superou o mestre! hehehehehehe

Tuesday, November 14, 2006

Colloque

Voilà minha primeira experiencia em um evento cientifico no Québec! Foi semana passada, num albergue lindo em Saint Flore de Grand-Mère, uma pequena cidade pertinho de Trois Rivières. Passamos dois dias entre especialistas da toxicomania trocando experiências. Foi minha primeira experiência como conferencista (chique a nao mais poder...uiui!!!), em francês, bem entendido!!! Felizmente todos comprenderam tudo o que disse e fui bastante elogiada... na verdade fiquei um pouco me sentindo a ultima batatinha pringles do pacote, mas so Deus sabe o quanto trabalhei e o quanto me esforcei e o quanto me estressei por causa desta bendita conferencia. Mas la tava eu, deu tudo certo e agora me preparo pras proximas... Xô qualquer tipo de urucubaca, ja cheguei até aqui, agora eu vou!
Na foto minha super linda, maravilhosa, querida amiga quebecoise pure laine, Valérie (que treinou minha apresentaçao comigo na noite anterior, me encorajou e ainda corrigiu meus slides). Do lado dela, meu diretor de tese, o melhor diretor do mundo! A baixinha ja perceberam que sou eu e do meu outro lado dois colegas do grupo de pesquisa.
Ah, que je suis heureuse avec ces gens là!
Merci à tous!

Wednesday, November 01, 2006

Meus tesouros

Todo mundo ja percebeu que eu sou uma mae corujissima, mas ca entre nos, tenho muitas razoes. Minha pequena princesa ja passou para o segundo ano regular da escola, acreditam? Pois é, segundo a Comission Scolaire de Laval, os filhos de imigrantes tem direito de até 18 meses na classe d'accueil. No entanto, minha petite ficou apenas de abril a julho... No verao coloquei os dois no camp de jour como ja contei aqui. La eles aperfeiçoaram muito o frances, deslancharam mesmo. Na volta as aulas, ela deveria voltar para a classe d'acueil, mas em um nivel um pouco diferenciado. Como eu sei que uma boa parte de meu publico leitor é composto de maes e pais de futuros nouveaux-québecois, vou explicar melhor. É assim: quando chega uma criança imigrante ela tem direito de começar as aulas o mais cedo possivel. Lembrem que aqui o Estado é o principal responsavel pelas crianças, assim ele tem que fazer a sua parte disponibilizando logo uma vaga para o recém-chegado. Assim, existem turmas de accueil que recebem alunos o ano todo, a qualquer tempo. Sao grupos abertos. Os meus filhos, quando chegaram entraram num destes. Eram 22 crianças (eu acho, mas até o fim devem ter sido mais), numa mesma sala, com duas professoras que as dividiam em duas mesas, uma para aqueles até 7 anos e outra para os de 8 a 12 anos. Nessa classe o principal era a aprendizagem do frances, embora até fizessem uns que outros exercicios de matematica. Agora, no novo ano escolar que começou em agosto, os meus continuariam na classe d'accuel, mas diferente... É que como é um novo ano eles foram divididos por idade e de acordo com o nivel de frances ja atingido até agora. Assim, eles além do frances, começam a preparar as outras matérias também para que a entrada na classe regular seja o menos traumatica possivel. Quando eles vao para a classe regular, sao inseridos no grupo de sua idade atual. Isso quer dizer que o Pedro vai para a quarta serie ano que vem e a Giu para a segunda. Eles ficam na mesma serie que estariam se estivessem no Brasil, so tendo que levar em conta a diferença do calendario escolar. Bom, mas o que eu quero contar é que, quando começaram as aulas tive uma reuniao com a profe da Giu e ela me perguntou como era o nivel de frances escrito e falado da Giu. Eu me virei pra pitoca e falei em frances com ela, ela me respondeu super bem. A profe arregalou os olhos. Entao eu pedi, em frances, pra ela escrever uma palavra no quadro negro, qualquer palavra francesa. Ai a fofa arrasou!!! Voces acreditam que ela escreveu ' papillon'? Eu quase chorei de emoçao! Tudo bem que eu sou meio exagerada, mas estou falando de uma criancinha de sete anos que mal tinha sido alfabetizada em sua lingua materna e que, sete meses depois de entrar em contato com uma lingua absolutamente diferente, escreve ' papillon'. Papillon era o que eu queria ser para sair voando de alegria! A profe ficou abismada, e so repetia' Elle a écrit papillon!!!!' Passado o susto, ela ja me adiantou que a Giulia certamente estaria pronta para a escola normal, mas que ela faria algumas avaliaçoes em aula para encaminha-la o mais rapido possivel. Algumas semanas depois acharam uma vaga na segunda serie de uma escola no bairro vizinho e mandaram ela pra la. O engraçado é que, de cara, ela nao curtiu muito. Nao queria se separar das amigas (recém-feitas diga-se de passagem), do irmao, da rotina que ha pouco tempo ela estava conhecendo. Quase morri de pena! Ela se abraçou em mim e soluçou como que dizendo: mamae, esse é meu premio pelo meu esforço? Me afastar de tudo que acabei de obter nessa terra nova pra onde tu me carregou? Também chorei. Entendi o sofrimeno dela, mas felizmente durou pouco. Na nova escola ela tem um... professor... Isso mesmo. Diferente, né? Ja tive uma reuniao com o cara e gostei muito dele.Legal iso de professores homens, pelo menos eles nao tem TPM....hehehe Ela esta adorando e o frances vai que vai, agora que todos os colegas ou sao nascidos aqui ou vieram bebezinhos. E ta la a minha pequena. Enfrentando tudo de cabeça erguida. Um verdadeiro exemplo para os nouveaux-arrivants. O Pedro vai ficar mais um pouco na classe d'accueil. Quanto mais adiantada a criança esta na escola, mais tempo ela vai precisar para se familiarizar com todos os conteudos programaticos. Normal. Ele esta começando a estudar matematica mais a fundo além do frances. Quarta serie, tem mais trampo! Na verdade nunca tive pressa de lhes integrar na classe regular. Acho que tudo tem seu tempo e se a Giu ficasse até o ano que vem, eu tava era achando bem bom. A imigraçao ja é muita mudança em um ano so. Mas paciencia! O importante é que ela esta adorando e o Pedrao bem feliz com seus amigos, sua profe e suas liçoes de tabuada. Esses dias estava me dando conta que meus filhos sao bilingues! Coisa chique! Mas no fundo, no fundo, uma parte dessa minha corujisse é um mecanismo de defesa contra a minha culpa. Nao tem como nao sentir uma culpinha de vez em quando por ter desterrado os pobrezinhos. Bem ou mal eu nasci e cresci no meu pais, eu tenho a identidade brasileira e embora nao goste de futebol, adoro samba, feijoada, caipirinha, sol... sei la. Sera que os meus tatus vao ter a identidade brasileira, ainda que ela seja cultivada aqui em casa? Sera que vao ser québecois pure laine? Sera que vao ter conflitos de identidade na... adolescencia... AAARRRGGGHHHH!!!! Eu espero que nao! Sao tantas coisas que eu fico pensando! Filhos sao mesmo a maior fonte de prazer e preocupaçao que alguém pode ter... (Desculpa ai, viu maezinha! Agora entendi!) A nossa vontade que eles sejam felizes é tao grande que chega a doer no peito! Por outro lado, se eu tivesse ficado no Brasil, nao poderia ter dado o maior exemplo que eu espero que eles tenham. O exemplo de alguém que é capaz de perseguir seus sonhos (mesmo morrendo de medo), que enfrenta a vida de frente, que tem coragem, que arrisca... E nao de alguém que quer fazer as coisas e fica metendo milhoes de empecilhos comodistas pra depois ficar se queixando e culpando o mundo quando suas decisoes nao sao acertadas. Ou que inventa milhoes de responsaveis pelas suas frustraçoes. Pelo menos eles vao saber que os pais deles assumem de corpo e alma suas decisoes e as consequencias advindas delas. No fundo, acho que isso é o que eu mais desejo para eles: que eles se sintam livres para perseguir seus sonhos. Agora, se por acaso alguma coisa nao der certo, ja me preveni, entrei numa comunidade no orkut chamada: 'Se tudo der errado viro hippie'. Ah, eu viro!