Sunday, September 24, 2006

Despedidas

Estamos tendo um fim-de-semana cheio!!! Compromissos sociais a milhao! Ontem tinhamos convite para duas festas e hoje para mais duas... No fim das contas optamos apenas por uma festa cada dia o que ja é bastante quando se tem um monte de trabalhos da universidade pra fazer... Mas legal, acho que optamos bem! Ontem foi a despedida da Ana, uma brasileira que estava fazendo o doc sanduiche aqui e esta voltando semana que vem pro Brasil e hoje é a da Luana outra brazuca voltando. Depedidas... sniff... A Ana aparece no blog bem no inicio da nossa chegada aqui, ja que ela e o Fernando foram os primeiros brasileiros que conhecemos e as primeiras visitas na nossa casinha. Apesar de nao nos encontrarmos muito, é uma pessoa que eu quero muitisimo bem e de quem, com certeza, vou sentir muita falta. A gente nem ia na despedida dela, ja que com as crias esse tipo de programa acaba sendo meio indiada, mas a fofa da Vania convidou os dois para dormirem la e ai tudo encaixou. Chegamos atrasados na casa da Maria que é uma amiga da Ana e mora no residencial da UQAM. Bom, ai as coincidências começaram. A Maria trabalha mais ou menos na mesma area que eu, inclusive com um colega meu chinês. Acho que ela é a unica brasileira além de mim que conhece ele em Montréal, e eu encontrei a criatura, é possivel? Sei que a festa tinha umas onze pessoas e estava simplesmente maravilhosa. Dançamos, cantamos, rimos e batemos muito papo. Eu tava tao faceira que so me lembro de mim rindo e o Fernando tirando varias fotos que espero postar loguinho. Mas o que eu queria mesmo contar é uma das conversas que tive com um brasileiro que chegou ha três semanas pra fazer seu doc e tava naquela fossa basica. Alias a mairia das pessoas que estavam la eram brazucas, fazendo doc e com data pra voltar pra terrinha. Bem, mas ai aquele papo: os quebeco sao frios, é dificil fazer amizades, eles nao chegam em ti e bla, bla, bla. E eu com o meu jeito: nao é nao, sao super gente boa, é facil fazer amizade e bla, bla. Ai fiquei pensando e constatei algumas coisas. Pra começar acho que pro pessoal do nordeste deve mesmo ser diferente. Minha mae sendo cearence, sempre tive contato com a galera de cima e acho mesmo que é muito diferente. Minha opiniao é que os nordestinos sao muito mais sociaveis que os gauchos, mas varios gauchos que nao concordam comigo. Tudo bem, mas eu ainda acho e vou continuar achando. Experimenta convidar um gaucho pra ir fazer nada chez toi sabado a tarde... Poucas chances de sucesso... geralmente eles tem algum compromisso inadiavel tipo: almoço na casa da mami (nao podemos faltar, todo sabado, sabe como é...), ou na casa da sogra (desculpa mas... sabe como é...), ou supermercado (sabado é dia, que saco, né?), ou faxina, ou cabeleireiro, ou ja tenho um convite (eles me convidaram antes, mas fica pra proxima, ta?), ou entao vao pra conxinxina ( que pena, ja estava me preparando pra ir pra praia)... hehehe Desculpa ai, gauchada, mas sou nascida e criada nos pampas e essa é a minha experiência. Isso nao me faz deixar de amar meus amigos queridos gauchos, mas pra mim é assim mesmo, nao é uma critica, apenas uma constataçao (nao sei por que tenho a impressao que vai ter gente que vai ficar meio puta comigo...hehehe paciência!). No nordeste ninguém fica sozinho... a menos que queira... de novo, sei que estou fazendo etereotipos, mas azar, é o que vivi. As pessoas sao mais calorosas, te levam pra toda parte, chamam os outros amigos, estao disponiveis, querem contato. Sera que eles nao tem mae, sogra, supermercado, faxina, cabeleireiro? Claro que tem. A diferença sao as prioridades. Eles dao mais prioridade aos amigos. O mais importante é ter a casa cheia ou encher a casa de alguém. Acho isso uma delicia! Entao, voltando aos brazucas daqui, claro que os nordestinos se sentem mais sos. Talvez, pelo menos de chegada, os quebeco sejam um pouco mais frios que seus comparsas de la. Quer izer, partimos de pontos de comparaçcao completamente diferentes, nao da pra discutir opinioes... Mas mais ou menos... Por exemplo, esse cara saudosista, acabou por me contar que seu orientador de doutorado tinha ido busca-lo no aeroporto, levado ele pra conhecer a cidade, ajudado a encontar um lugar pra ficar... mas fez tudo isso ' por educaçao, educados eles sao, né?'. Ah, dai eu emputeci! Como assim, 'educaçao'... Quer dizer quando nao faz é por que nao fez, quando faz,nao é mais que educaçao.... so um pouquinho! Esse tipo de comportamento dos orientadores aqui é muito comum, ja vi acontecer muitas vezes com gente do mundo todo. Ao invés dele considerar isso maravilhoso, ja que muita gente concorda comigo que o estrelismo universitario aqui é muito menor, ele acha que o cara foi 'educado'. Ser educado é comparecer as reunioes que se marca, ser gentil, polido, simpatico... Nao levar pra fazer tur e ajudar a criatura que ta chegando. Sinceramente, acho que tem gente que pensa que o mundo lhes deve alguma coisa, mas enfim... De qualquer jeito, é claro que sei que somos sortudos de ter os amigos que temos, claro que tem quebecois pentelhos (e brasileiros, peruanos, asiaticos....) mas tem muita, muita gente boa. E acho que depende muito dos pré-conceitos que trazemos. Se tu ja chegas com uma postura de 'coitado de mim aqui sozinho', ou ' ninguém vai falar comigo, tadinho de mim', obvio que vai ser muito mais dificil de encontrar gente legal. E digo isso baseada na psicologia cognitivo-comportamental que amo, e nao em energias cosmicas que emanam de nosso corpo (embora também ache essa teoria bem simpatica...hehehe). Quer dizer, de forma bem basica: nossos pensamentos inluenciam nossos comportamentos e sao a esses que as pessoas têm acesso. Se a gente pensa que os outros sao preconceituosos e malas, obvio que vamos ficar mais tensos, cara fechada e é muito provavel que ninguém venha falar com a gente. É logico! É claro que tem gente preconceituosa, mas cabe a nos dar ênfase aos comportamentos dessa meia-duzia ou nao. Sinceramente, gente mala de qualquer nacionalidade, tem passagem livre por mim. Nao quero nem saber... vai indo, fofo... Adotei essa estratégia aqui e olha que ta dando muito certo. Nao acho que eu seja excesivamente otimista ou ingênua, so acho que tô aqui por que escolhi, ninguém tem nada a ver com isso, ninguém tem que ficar me paparicando. Mas outra diferença que acho importante salientar é entre as pessoas que vem pra voltar e as que vem pra ficar. É bem legal ter isso em mente quando ouvimos as opinioes da galera. Se tu vem pra voltar, tua postura é outra, nao adianta. Acho que até é meio que um mecanismo de defesa. Mas enfim... Acordei a fim de escrever isso por que realmente tenho ouvido varios comentarios desse tipo e acho legal relativizar bem. Depende muito das expectativas que a gente tem em relaçao as pessoas. Melhor nao ter muitas! Se nao esperamos muito, temos a chance de receber bem mais, nao é? E se escolhemos valorizar o que é legal, mais ainda. Por exemplo, so pra acabar: mandei um e-mail pro meu orientador pedindo a opiniao dele sobre um projeto. Ele acabou de receber uma promoçao muito importante na universidade e essa era a primeira semana dele no novo cargo (que ele acumula com as funçoes de pesquisador). Nem tava esperando que ele me respondesse essa semana, nao era nada tao urgente assim. Bem, mandei terça fim de tarde, quinta as sete da manha ele me responde. O texto todo corrigido, com elogios e pedindo desculpa de nao ter me respondido antes. Além disso, se colocando a minha disposiçao para uma reuniao, caso eu achasse necessario essa semana mesmo. Sendo que eu sabia que ele estaria recebendo um pessoal de Vancouver na sexta e no sabado. So pra lembrar que essa cara é uma das maiores autoridades do mun-do na nossa area. E dai, vou dizer que o quebecois é 'educadinho'? Tenha a Santa Paciência!!!!

10 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Salut mon amie!
Muito interessante seu depoimento.
Mesmo estando ainda na metade do meu curso de graduação sinto aqui aquele "estrelismo acadêmico" citado por vc em comparação à situação aí.
E sempre bom vermos como as coisas fumcionam em outras terras.
Com relação as pessoas vc tem toda a razão: depende muito da maneira que nos colocamos em relação a eles.

Amitiés,

Sam.

3:50 PM  
Anonymous Anonymous said...

Mylène,

Mais um post super lúcido! Concordo com tudo o que vc disse.
Boa semana, bons estudos!!!!

abraços

7:28 AM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Mylene,
Sou Sandra Vicente. Estou no processo do Québec. Tenho um casal de filhos e ontem conheci o seu blog por indicação de uma amiga. Li todos os posts para "sentir" como foi a saída do Brasil e a adaptação aí. É legal porque a gente vai "sentindo" como as coisas acontecem, as reações das crianças... Você escreve MUITO bem (ao contrário do que colocou num dos posts). Queria te perguntar duas coisas:
1) a profissão do seu marido. vi que ele mexe com audio, estúdio... bem é que meu marido é dessa área. ele é produtor musical, músico, já trabalhou em estúdios aqui no brasil, dirigiu gravadora e está pensando num mestrado aí na McGill.
Quem sabe eles não trocam umas figurinhas?
2) Vi que você mencionou que a ajuda para as crianças vem do Governo do Canada e do Quebec. Na palestra aqui foi dito que era em torno de 4000 dólares canadenses por ano por cada criança. É isso mesmo? Você mencionou uma avaliação pelos últimos salários do Brasil. E aí? Se os salários aqui forem altos, é pior ou melhor? Outra coisa: já dá para ter uma idéia dos gastos mensais com as crianças e despesas de casa?

Bem, adoraria se puder responder. Mas, vi que você está cheia de tarefas aí do doutorado...
Um abraço,
Sandra (smelovicente@gmail.com)

7:37 AM  
Blogger Mylène, Rudi, Pedro e Giulia said...

Sam: É isso... estrelismo aqui nao tem muita vez. Em bom português' o bicho pega' no meio cientifico. É pauleira certa, critica de todo lado... Nao da muito tempo pra brincar de purpurina.
Sandra: rapidinho - o Rudi ainda nao esta trabalhando na area dele, entao nao sei muito o que dizer. Ajuda das crias, sinceramente nao calculei...hehehe Deve ser isso mesmo.Informaçoes sobre grana sao muito subjetivas, prefiro me abster. So posso te dizer uma coisa: pelo menos no inicio, nao vale a pena imigrar se o maior objetivo é ficar rico...hehehe
Le: estranho seria ver alguém conseguir ser desagradavel frente a esse teu sorriso tao cativante. mesmo nao dando 'prioridade' aos amigos, fico muito feliz de ser tua amiga e os momentos que temos juntas sao super 10!Te amo anyway!

2:19 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oie!

Tudo à ver o que vc falou com relação ao povo ser caloroso ou não. Isso é muito relativo! Eu vim de São Paulo onde ninguém tem tempo pra nada e o povo é muito individualista. Então, pra mim aqui o povo é sim caloroso. Mas é minha perspectiva... um baiano ou cearense, pode achar diferente ...

[]'s

Isabela.

3:59 PM  
Anonymous Anonymous said...

Muito 10 os teus posts.
Virei fã do teu blog.

7:47 AM  
Anonymous Anonymous said...

Parabens pelas postagens, isto nos ajuda muito a planejar melhor nosso ida para o quebec e qual cidade escolher para viver.
Au revoir!

7:48 AM  
Blogger Mylène, Rudi, Pedro e Giulia said...

Oi Manuel e Rose,
Que bom que vcs gostam...Ele anda meio desatualizado mas loguinho devo postar alguma coisa. Abraços e boa sorte,
My

8:21 AM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Mylène, é mto bom quando eu fico algum tempo sem passar aqui, e quando volto, tem um monte de post novo pra ler. Sabe por que que é bom? Pq seu blog vicia! A forma como vc escreve é contagiante, e sei que não sou a úncia pessoa que diz isso. Fiquei extremamente emocionada com o realismo (porém não menos romantismo) do seu post sobre os 12 anos de casados. Seus 3 últimos posts, aliás (que foi onde eu tinha parado de ler), são "tout de bien" rs... Como sempre, né?
Mta luz e paz pra vc, sempre. Obrigada por esses momentos agradáveis de leitura.
Bjo grande.
Manu

8:27 PM  
Anonymous Anonymous said...

Só mais um detalhe que esqueci de dizer!! Como boa psicólogas que somos (rsrsrs), eu tb acredito mto na "profecia auto-realizadora" e temos que ter mto cuidado com ela, q afeta diretamente em nossas vidas, sem que na maioria das vezes, a gente se dê conta disso.
Bjin de novo!

10:50 AM  

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