Friday, January 26, 2007

Maes!

Hoje fui acometida de uma louca saudade de minha mae. Talvez isso tenha acontecido porque ouvi meu forro preferido de manha. Sei la! Em homenagem a ela, resolvi traduzir um texto em inglês que a Naty me enviou na semana passada. Na real nao é uma traduçao, ja que nao tenho competência para tanto (ainda mais em inglês!), acho que ta mais pra uma "adaptaçao". Ou seja, é a minha versao do texto, se alguém conhece a versao original, nao se espante...eu adoro mesmo dar um jeitinho pessoal, ainda mais pra colocar aqui.

Uma mamae
Estavamos nos sentando para o almoço quando minha irma mencionou casualmente que ela e seu marido estavam pensando em « começar uma familia ». « Nos estamos fazendo uma pesquisa » , disse ela meio brincando… « Você acha que eu devo ter um bebê? ». Eu respondi tentando amter o tom neutro :« Isso vai mudar a sua vida ».« Eu sei », ela disse « acabou essa historia de dormir até tarde no fim-de-semana, acabaram-se as férias a qualquer momento do ano».
Mas nao era bem isso que eu queria dizer. Eu olhei para minha irma e fiquei tentando decidir o que lhe dizer. Eu queria que ela soubesse o que ela nunca vai aprender nos cursinhos para futuras mamaes. Eu queria dizer a ela que as feridas fisicas causadas pelo nascimento de um bebe sao facilmente curaveis, mas quando nos tornamos maes, as feriadas emocionais nos tornam vulneraveis pra sempre.
Eu pensei em adverti-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem pensar « E se isso tivesse acontecido com o MEU filho? ». Cada queda de aviao, cada casa incediada vao feri-la imensamente. E quando ela olhar fotos de crianças famintas, ela vai se perguntar se alguma coisa pode ser pior que assistir a seu proprio filho morrer.
Eu olhei para suas unhas, cuidadosamente lixadas e pintadas, e pensei que nao importa o quanto ela é sofisticada, se tornar mae vai fazê-la voltar ao estado primitivo da leoa que protege sua cria. Ao ouvir um grito chamando « Mae! » ela nao vai hesitar em deixar cair seu melhor cristal.
Eu senti que devia lhe advertir que nao importa quantos anos ela tenha investido na sua carreira, ela vai se tornar uma profissional um tanto « dividida » em funçao da maternidade. Ela devera se organizar com alguém para cuidar de seu filho, mas um dia ela vai estar indo para uma reuniao importante e vai pensar no cheiro doce de seu bebê. Ai, ela vai ter que usar toda a disciplina do mundo para nao voltar correndo para casa, so para ter certeza que seu filho esta bem.
Eu quero que minha irma saiba que as decisoes do dia a dia nao serao mais rotina. Que o menininho de cinco anos que decide ir ao banheiro masculino e nao ao feminino no McD vai ser o seu maior dilema. Afinal, vai ser ali mesmo, envolvida meia gritaria provinda do desejo de independencia e da identidade de gênero, que ela vai entrar em pânico, pensando na possibilidade de que algum agressor de crianças possa estar marcando ponto dentro do banheiro.
Nao importa o quanto ela seja firme e decidida no trabalho. Ela vai sempre vacilar como mae.
Olhando para minha atraente irma, eu quero assegura-la que nao importa se ela vai ou nao ganhar peso durante a gravidez, de qualquer forma ela nunca mais se sentira igual em relaçao a ela mesma. Que a sua vida, agora tao importante, vai ter menos valor pra ela logo que tiver um filho e que a passagem dos anos nao vai servir apenas para que ela possa realizar seus sonhos, mas sobretudo, para assistir seu filho realizar os dele.
Eu quero que ela saiba que uma cicatriz de cesareana ou as estrias no quadril vao ser seus emblemas de honra.
A relaçao de minha irma com seu marido vai mudar, mas nao do jeito que ela pensa. Eu queria que ela pudesse entender o quanto você pode amar mais um homem que é cuidadoso ao colocar talco no bebê e que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deve saber que ela vai se apaixonar de novo por ele, so que por razoes que agora ela pode achar nada romanticas.
Eu desejo que minha irma possa perceber a ligaçao que vai existir entre ela e todas as mulheres ao longo da historia que tentaram parar a guerra, o preconceito e os imprudentes no trânsito. Eu quero descrever para minha irma a alegria de ver um filho aprendendo a andar de bicicleta. Eu queria captar para ela a magia de uma bela risada de bebê que toca pela primeira vez o pêlo macio de um cachorro ou de um gato. Eu quero que ela experimente essa alegria que é tao incrivel que chega a machucar.
O olhar questionador que minha irma me lança, me faz perceber que meus olhos estao cheios de lagrimas.
« Você nunca vai se arrepender », digo eu finalmente.
Entao, dou a volta na mesa, seguro a mao de minha irma e faço uma prece em silêncio, por ela, por mim, e por todas as reles mortais que tentam ser as melhores maes que conseguem.

Saudade de ti maezinha!!! Depois que a gente vira mae, temos poucas oportunidades de falar da saudade de ser filha! Comam um bérberé por mim esse fim-de-semana!

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