Friday, February 09, 2007

Universidade

Acabei de ler o post do Luis sobre a experiencia dele na universidade. Muito legal. Acho que ele fez um super trabalho de sintese para resumir em 10 dicas tudo que a gente vive em uma sessao em uma universidade em outro pais. Achei tao legal que, como também tenho so uma sessao aqui (estou sobrevivendo a segunda), resolvi adicionar de alguma forma a minha visao sobre o tema. Assim, talvez pelo fato de estarmos nos referindo a contextos e universidades diferentes, areas diferentes, acho que os leitores poderao ter uma variedade maior de formas de vivenciar essa que é, no minimo... uma batalha bem interessante. Pra ficar mais facil, vou comentando o texto dele passo a passo.
Sou absolutamente de acordo que a entrada na universidade (ou em qualquer instituiçao de ensino) facilita enormemente a integraçao. Quem nao for a fim de fazer um curso na universidade, que faça qualquer curso (artesanato, tapeçaria...sei la) mas que é legal, é. A grande questao é que a organizaçao do ensino superior no QC é completamente diferente da do BR. Tem quinhentos milhoes de possibilidades para graduaçao e pos... E tem os certificados, os mineurs...sem falar no CEGEP...Tem que bisbilhotar na internet, nao tem jeito. Nao adianta pensar que o cursinho de francês vai ajudar alguém a se integrar... Esquece! La, tu so vai encontrar um monte de imigrantes tao (ou mais) perdidos que tu, alguns muitos legais e outros hiper-recalcados que ficam falando mal da gente daqui... Pro meu gosto nao vale como integraçao.
A dica 1 do Luis é nao deixar que percebam que teu francês é uma porcaria. Minha experiência? Nao adianta, eles vao perceber! hehehee Agora se teu francês for muito podre, duas opçcoes: estudar frances ou procurar uma universidade anglofona. No entanto, minha experiencia aqui é que, se tu tens um nivel intermediario (mas intermediario mesmo!) e te puxas pra te comunicar, a galera ajuda e incentiva. Agora se for muito podre mesmo, ai nao da. Mas dai eu acho que nem vale a pena começar, por que de qualquer jeito tu nao vais aproveitar muita coisa dos cursos, ou seja, vai jogar dinheiro fora. Agora se começar o jeito é encarar. No meu caso, doutorado, as aulas sao seminarios, ou seja, se nao falar azar o teu, tua nota vai ser uma m... Agora, se tu ja esta ja ta falando meia-boca... te puxa pra estudar ainda mais e ter alguma coisa pra colaborar. Nao acho que alguém vai te achar um idiota 'apenas' por que tu nao matrisas bem a linga SE ( e somente SE) perceberem que tu és capaz de contribuir pra discussao e que nao estas la como um turista perdido. Agora...nem pensar em pedir para um profe repetir o que você (pobre imigrante desinfeliz) nao consegui entender. Te vira! No entanto, quando somos capazes de contribuir a discussao (mesmo que com alguns errinhos basicos de conjugaçao verbal), de forma geral as pessoas aceitam super bem e ainda isso vai aumentar muito as tuas chances de fazer amigos e de...(dica 4 do Luis) que tu consigas fazer boas equipes. Gente fresca vai ter por tudo. É obvio que tem umas criaturas que me olham torto, mas e eu com elas... Minhas notas sao até melhores e meu dossié (modestamente) nao deixa por menos. Ou seja, cada um luta com as armas que tem. Particularmente, nao acho que nao falar ajude muito...Mas talvez isso tenha muito a ver com meu jeito pessoal.
A dica 2 e a 3 eu sou concordo plenamente. Faz favor... Se tu ja errou uma vez na escolha da tua profissao (no Brasil) nao erre de novo. Aproveite a situaçao para fazer alguma coisa que você (de preferencia) AME!!! A nossa mudança pra ca começou por causa deste bendito doutorado, minha area de trabalho, o que eu mais adoro... Ainda bem mesmo, por que a carga de trabalho é enorme, muito diferente do Brasil (pelo menos dos cursos que eu fiz). Eu sempre ia bem, mas sinceramente, nao precisava me puxar muito. Aqui também vou bem , mas aiaiai...tem que se puxar demais. E nao é so pela lingua, os canadenses também tem que se puxar para acabar todos os trabalhos no prazo e com qualidade. Nos 'so' temos uma coisinha a mais a nos preocupar: no meu caso é ler em inglês, pensar em protuguês e escrever em francês... Nada demais...Ufa!
Todas as outras dicas do Luis se adequam perfeitamente bem a Universidade de Montréal. Nada a acrescentar, so a reforçar.
A ultima dica eu achei legal 'acredite em você', mas nao concordo muito com o desenvolvimento que ele fez da questao. Nao acho, de jeito nenhum, que todos os brasileiros que vem pra ca sao muito bons. Nao mesmo. Pra dar um exemplo hilario (que infelizmente nao é uma rara exceçao) esses dias ouvi uma historia de um cara que ta fazendo pos-doc (atençao, repito: pos-doc). Tudo bem que nao parecia muito decidido, ja que a area de pesquisa dele no BR era uma e aqui é absolutamente outra. Bom, em uma reuniao de amigos, a dita criatura que até agora so fala ingles, dizia (com muito bom senso soit dit en passant) que precisava começar a aprender francês. Até aqui, tudo muito bem. O problema veio com a justificativa que ele deu. Disse que se nao falasse frances, suas chances de conseguir um emprego na Berri-UQAM ficariam muito menores. So que, pra quem nao sabe, Berri-UQAM é uma estaçao de metro (a maior de Montréal), a universidade é a UQAM. Normal que uma pessoa fora do meio academico nao saiba disso, ou se confunda, mas alguém que faz pos-doc ha mais de um ano aqui...desolée....nao tem perdao! Enfim, essa foi so uma situaçao inusitada (mas tristemente verdadeira) das trapalhadas brazucas por aqui. Sinceramente, nao acho que nossa experiência no BR nos faça melhor que ninguém, nem pior é verdade. O caso é que vejo muito brasileiro (e gente de outras nacionalidades tb) chegando aqui de salto alto e quebrando a cara na primeira esquina. Sim, temos riqueza de experiências, mas isso nao é tudo, e nao é todo brasileiro que realmente tem. Os quebecois também sao super bons... Ao menos na minha area sao. É obvio que gente mediocre vai ter nao importa onde, mas eles tem uma disciplina bem maior. Entendi isso ao ver a forma como a escola publica os prepara aqui. Com as crianças na escola, observo o valor dado ao esforço e a disciplina. Natural que eles sejam mais cdf. hehehe Entao, eu completaria a dica do Luis assim: acredite em você e tenha um espelho bem realista em casa. Veja suas falhas além de seus talentos, veja o que da pra mudar e melhorar, e sobretudo seja humilde. Ninguém por aqui aguenta mais os imigrantes que chegam se achando a ultima coca-cola do deserto (tem um monte ja). E outra coisa, nao acho util pensar 'neles' como diferentes de nos. É claro que sao (e ainda bem), mas no fim das contas todo mundo ta no mesmo barco, todo mundo quer réussir. Acho até que ja contei isso aqui mas um dia meu diretor me perguntou se eu ja tinha sido vitima de discriminaçao, se ja tinha sido tratada com grosseiria por algum quebecois. Eu disse que, obviamente que gente estupida tem em qualquer parte do mundo e que no BR, ca entre nos, nao falta. Mas acrescentei que, quando essas situaçoes chatas acontecem aqui nunca penso 'oh, pobre de mim, sou vitima de discriminaçao', penso que o desenfeliz teve um dia ruim, um mês ruim, uma vida ruim e que qualquer pessoa que passasse por ele naquele momento receberia o mesmo tratamento que eu recebi. É assim mesmo que eu vejo esse lance de discriminaçao. Eu nao quero me relacionar com gente estupida e discriminar ( ou ser grosseiro gratuitamente) nada mais é do que uma forma de burrice e estupidez. C'est tout.
Entao é isso, acho que misturei um pouco as bolas, mas realmente a leitura do texto do Luis me ajudou a refletir um pouco sobre a experiência que eu estou tendo a sorte de ter. De uma forma geral, muitas coisas sao parecidas, mas divergir é também enriquecer.... (so espero que ele nao fique brabo comigo...kkkk).

11 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Oi, Mylene!

Cheguei ao seu blog pelo do Luís. Achei muito legal seu post sobre a vida na universidade.
Só alguns comments:
Os brasileiros que vêm pra cá possuem na sua grande maioria uma ÓTIMA bagagem profissional e educacional, mas realmente isso não é tudo. Só que como viemos de um ambiente profissional muito mais competitivo, onde as vagas são escassas e somente alguns conseguem realmente um bom emprego, temos vantagens SIM em relação aos quebecois. No geral nos dedicamos muito mais ao trabalho do que um quebecois. Outro ponto que gostaria de comentar é sobre "chegar de salto alto". Não podemos realmente chegar com um ar de superioridade num lugar que pouco conhecemos. Agora chegar de "chinelo de dedo" achando que não temos capacidade para nos impormos aqui, tb não podemos. E isso é que vejo; quebecois tentando fazer vc acreditar que suas experiências e toda a sua educação no Brasil não valem nada pra eles. (até porq existe toda aquela problemática das ordens profissinais e tudo mais). Então, pra quem está vindo pra cá, venha acreditando sim em sua capacidade e experiência profissional, se vc não acreditar quem irá?

Fallow.

Fernanda.

8:56 AM  
Blogger Mylène, Rudi, Pedro e Giulia said...

Oi Fernanda,
Acho legal discordar tb, alias acho otimo. Respondendo teu comment:
As bagagens profissionais sao MUITO variadas... A seleçao para imigraçao é feita de forma multi-fatorial, entao nem sempre é so a grande experiencia que conta.
Nao acho que 'nos dediquemos' mais ao trabalho que os quebecois... Nao acho que dedicaçao seja um fator ligado a nacionalidade, mas a caracteristicas muito mais culturais e pessoais que isso. Como eu disse, vejo que tem de tudo! E muitos quebecois muito dedicados, pelo menos na minha area tem sim... e muito... E mercado competitivo???? Uffa, se isso aqui nao é competitivo, nao sei o que é... Nao acho que jeito nenhum que o mercado do BR seja mais competitivo do que o daqui.
Quanto a 'chegar de chineli de dedo'....Acho que nao me fiz entender! NUNCA falei isso!!! Ao contrario, concordei plenamente que tenhamos que ter confiança em nos mesmos, até por que, como tu dizes, quem nao tem confiança que fique em casa. O que eu disse, e repito, é que um pouco de auto-critica nao faz mal a ninguém. Agora, é claro que dependendo do mercado de trabalho algumas coisas podem variar mito. Aqui eu falo da minha experiência no meu mercado... Nao daria mesmo para ser diferente.
Entao é isso.
Fallow.

11:21 AM  
Anonymous Anonymous said...

Olá Mylene

Muito interessante e úteis as suas colocações sobre universidade. Eu sou psiquiatra e minha esposa psicóloga. Pretendemos fazer nosso pós-doc em Montreal e gostaríamos de ter mais contato com você. Por favor, nos mande o seu email pra podermos nos comunicar. Abraços,
Hermes
hermescarvalho@hotmail.com

7:33 AM  
Blogger artur caldas /S.A. said...

Oi, Mylene

muito legal esse seu Blog. Cheguei nele por indicação do Márcio no Grupo Brasil-Quebec do Yahoo. Queria saber se posso tirar algumas dúvidas contigo sobre a área de psicologia aí.

Minha noiva é psicóloga e trabalha com dependentes químicos (alcoolistas e drogas ilícitas). Vamos dar entrada no processo Federal (já estamos com CSQ) apenas no segundo semestre após resolver algumas coisas por aqui. Sabemos que para clinicar no Canadá é preciso ter Doutorado, mas antes de poder fazer qualquer coisa, ela vai precisar validar o Diploma dela. Queria saber como fazer isso, se é muito difícil, pagar outras cadeiras e tal.

Muito obrigado pela atenção e ajuda. Espero que não aposente este blog. hehehe.

Se não for incômodo, gostaria que você respondesse para: artur_caldas_sa@hotmail.com

Obrigado mais uma vez.

8:09 AM  
Blogger Unknown said...

Oi Hermes e Artur,
Gostaria que escrevessem para meu e-mail para podermos manter contato mais facilmente... ai vcs podem perguntar a vontade o que quiserem, ok? So nao sei se vou saber responder...kkk
É mypsi2002@yahoo.com

Abraços,

My

2:47 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Mylene,

Concordo com vc sobre a vida na universidade. Formei em Direito no Brasil e aproveitei a mudança pro canada para fazer algo que eu realmente amasse e fiz graduaçao em historia na Concordia e estou fazendo doutorado na Universidade de Toronto.

Passei por 4 universidades publicas no Brasil (UnB, UFPE, UFRJ e Uni-Rio) e posso dizer que nenhuma delas se compara em termos de qualidade educacional com a minha experiencia aqui no Canada. Como vc, eu ia bem na faculdade lá sem ter que fazer muito esforço, estudava um dia ou dois para as provas, fazia um trabalhinho mais ou menos e era suficiente para conseguir uma nota entre 8-10. Na minha graduaçao em Montreal eu tive que estudar MUITO para conseguir o mesmo resultado. E nao era problema com idioma nao, pois eu aprendi ingles quando ainda crianca e para mim é igual ao portugues. Meus amigos canandenses ralavam tanto quanto eu. Mas também se vc se dedica, recebe o reconhecimento desejado e isso eu acho sem preço. Aprendi MUITO mais e conheci professores MUITO mais dedicados... Uma experiencia realmente enriquecedora que continua no doutorado.

10:55 AM  
Blogger Flavielle Martins said...

Oi, Mylene!!

Sou formada em Ciência Política pela Universidade de Brasília e sonho em fazer meu mestrado em Québec Ville. Estou estudando francês como nunca e no final do ano vou tentar o mestrado ou uma especialização na Ulaval ou na ENAP. Fico preocupada pq no mestrado temos que ler e escrever muito e tenho medo da lingua ser um problema e isso se refletir nas minhas notas. Se tudo der certo, espero já estar bem o suficiente no frances para chegar com tudo no ano que vem!
Vc entrou em contato com algum professor antes de se inscrever no doutorado? Como foi esse processo? Fez a equivalencia do seu diploma antes? Ou não foi necessário?

Abraços,

Flavielle
flavielle@terra.com.br

9:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oi Mylene, você pode me auxiliar?

Estou postulando uma vaga na Umontréal para mestrado, no ano que vem, estou entrando no país como residente permanente. Gostaria de saber se a universidade está exigindo tradução do diploma ou se eles aceitam em português mesmo.

meu e-mail é marcelabaiocchi@gmail.com
Desde já agradeço.

1:50 PM  
Anonymous Anonymous said...

Ola Mylene...
Eu sou engenheira quimica e estou procurando universidades em quebec e regiões pra fazer o mestrado. Eu até comecei o mestrado na ufrj, mas não gostei e sinto que uma experiencia fora do pais iria agregar muito. Quais os passos que eu devo dar, alem de ja ter o passaporte em maos, rss.
meu email: litium_girl@hotmail.com

1:54 PM  
Blogger A gente vai a Luta. said...

Olá Mylene!

Gostaria de que me tirasse uma dúvida sobre programa de incentivo à mestrado no Quebec, eu estarei aplicando meu proceso com minha companheira que já é graduada em Letras c/ Francês. A dúvida é em saber se há incentivo, uma vez que já estaremos vivendo no país. Fiquei sabendo que para graduação há um incentivo de U$ 1,200,00 dólares para estudar, e para o mestrado, será que existe esse incentivo? Se puder me responder no e-mail abaixo, ficarei imensamente satisfeito. Desde já agradeço.

e-mail: antoniodantasjr@gmail.com

8:49 AM  
Anonymous Anonymous said...

good day orsisnoquebec.blogspot.com blogger discovered your site via search engine but it was hard to find and I see you could have more visitors because there are not so many comments yet. I have found website which offer to dramatically increase traffic to your website http://mass-backlinks.com they claim they managed to get close to 4000 visitors/day using their services you could also get lot more targeted traffic from search engines as you have now. I used their services and got significantly more visitors to my website. Hope this helps :) They offer best services to increase website traffic at this website http://mass-backlinks.com

3:00 AM  

Post a Comment

<< Home