Thursday, November 29, 2007

Casse-noisette

Uuuhhuuuu!!!! Passagem rapida so pra contar que acabei de fazer uma coisa que me deu enorme prazer!!!! Por mais que eu seja a favor do ditado que dinheiro nao traz felicidade, ca entre nos...de vez em quando...naqueles momentos em que temos uma BOA causa pra gastar...traz uma felicidadezinha sim...hihihi
Acabei de comprar dois bilhetes, um pra mim e um pra minha filhinha para assistirmos o Quebra-nozes interpretado por 'Les grands ballets canadiens de Montréal'. Eu sempre amei esse ballet, mas nunca tive oprotunidade de assistir ai vivo (so em filmes). Como a Giulia faz ballet na academia dos Grands Ballets, nos tivemos uma otima reduçao no preço. Ainda por cima, escolhi uma data que teria mais reduçao ainda...e adivinha...Arrasei e comprei na sessao 'Elite' a melhor de todas da sala Wilfrid-Pelletier!!!! Tô tao feliz que nem sei! Nao so vou assistir meu segundo ballet favorito (o primeiro é Dom Quixote) com a minha filhinha, bailarina também, como vou assistir bem na época do Natal e na tribuna de honra. Po-dre-de-chi-que!!!!
So de pensar, a idiota aqui ja ta com os olhos cheios de lagrimas...hihi Imagina o diluvio que vai ser no dia! Cada um dos calos nos meus dedos do pé me lembram o quanto sapatilhas de ponta fizeram parte da minha vida e dos meus sonhos. E agora eu, euzinha da silva, posso levar minha pituca pra ver esse ballet com o qual eu tanto sonhei!!! Obrigada meu Deus por me dar neuronios suficientes pra ganhar essa bolsa maravilhosa!!!! Nao me importo nem um pouquinho de continuar com a nossa televisao de 40 polegadas e com a nossa maquina de secar um pouco temperamental...eu quero é CURTIR!!!!! IIUUUPPII!!!!!

Wednesday, November 28, 2007

Aos comentadores

À todos meus amados comentadores do post anterior meu obrigadao!
Coisa boa saber que tem gente como a Juk (que alias tem um blog com um titulo barbaro: desemburrecendo!), como o Victor, como a Manu (quanto tempo mulher! ), como a Flavielle, a Rossana, a Dani e tantos outros, que nao fazem a menor idéia de quem a gente seja, mas enviam suas boas energias pro nosso cla.
A Sandra, ja nem sei se posso dizer que nao nos conhecemos...hehehe A gente se lê meio que direto e no fim, acaba tendo uma amizade muito virtual, mas bem bacana. Esses dias fiquei triste de saber que a mae dela andou doente. Engraçado, mas ainda vou fazer uma pesquisa sobre a relaçao entre a imigraçao dos filhos (e netos) e a doença dos pais que ficaram no pais de origem. É interessante quanta gente conta que depois que imigriou, logo em seguida, um dos pais ficou doente. Meu pai nao fugiu a regra e quase nos matou de susto, mas agora ta tudo bem. O pai do Rudi ja estava doente e faleceu depois de 3 meses que estavamos aqui. Que descanse em paz o meu beau-père. Mas sao realmente coisas que a gente nao pensa quando se manda. Mas nao tem mesmo que pensar, se nao nao emigra. Parece que a mae da Sandra esta melhor. Se rezar é pensar com muita força e desejar que tudo fique o melhor possivel, posso dizer que rezei pela mae dela.
Quanto à Lê...essa devia ter seu blog também...hehehe Enquanto ela nao se decide, a gente vai se encontrando pra cafés super animados, onde podemos falar português bem alto que ninguém nos entende...ops...agora com essa brasileirada toda por aqui é melhor ficarmos espertas... De repente a gente pode planejar um blog em conjunto, com um titulo bem bobao como..."sem calcinhas"... Que tal, Lê? Nao é o que vocês estao pensando... É so que aqui a gente nao consegue comprar as calcinhas que a gente gosta, modelinho brasileiro. É um saco pra achar alguma coisa que preste. Bom Lê, fica o convite.
Pra acabar eu acho muito legal esse negocio de 'encaminhamento' para o blog. Varias pessoas me escrevem dizendo que 'encaminharam' alguém pro nosso blog. Acho um barato, porque me lembro da época que recebia telefonemas dos pacientes 'encaminhados' por alguém. Desta vez foi a Rossana que 'encaminhou' a Dani. Bom...espero que seja util.

Thursday, November 22, 2007

Identidade...de quem?

Conversando com varias maes de filhos desterrados do Brasil bem pequenos como os meus, cheguei a uma simples conclusao: se existe uma crise de identidade a passar, provavelmente ela atinge os pais, e nao os filhos ( e as vezes os filhos, em funçao dos pais). Minha hipotese é que a crise dos pais se da por dois motivos obvios: primeiro porque os pais sofrem eles mesmos ao se distanciarem da lingua, dos costumes, da vida. Nos adultos temos lembranças de diferentes etapas da vida que passamos nos Brasil, temos cheiros, cores gostos. Comemos uma manga aqui (cheirando a nada) e lembramos daquelas la do meu sertao e...ai que dorzinha...Segundo, por que os pais vêem os filhos desenvolvendo uma cultura as vezes bem diferentes daquela na qual eles (os pais) foram criados. Atençao: nao estou falando do VALORES. Nao acho que nossos valores devam se adaptar ao que quer que seja: verdade é verdade e honestidade é honestidade em qualquer lugar. Valores vao com a gente, ficam junto, nao precisam mudar. Mas CULTURA é outra coisa. Aceitar o jeito do outro viver e, muitas vezes ter que me adaptar a isso, faz parte de quem pegou as malinhas e desembarcou em pasto alheio.
Agora, o que eu acho brabo, é aquelas criaturas que arracam os filhos do pais onde nasceram e da lingua mae, trazem pro polo-norte, pedem para que eles se adaptem, que aprendam francês e inglês, que tenham boas notas na escola, que façam amigos, que tenham uma vida social e alguns anos depois (um, dois, dez...) se dao conta que 'as crianças' sao mais canadenses que brasileiras e têem um piti. Querem que os filhos vivam como canadenses, mas que guardem a 'cultura brasileira' intocavel, um 'amor pela Patria-mae' inabalavel e se nao... ai, ai, ai... crise de identidade! Desculpa ai: nao da! tenha a santissima paciência! Te decide!
O que eu tô querendo dizer é que forçaçao de barra nao leva a nada. O que eu tô querendo dizer é que quem estimula a crise de identidade dos filhos, na maior parte das vezes, sao os pais. Acordemos! Brasileiros somos nos. Eles? Eles devem ser algo como neo-canadenses. E lambe os beiços, meu amigo. Nao era isso que tu queria quando saiu da tua terra? Da graças a Deus que teus filhos conseguiram se adaptar e se desenvolver no pais que tu (tuzinho, fofo, nao ele) escolheu.
Com isso, nao quero dizer que a gente tenha que dar as costas pra nossa (dos pais) cultura. De jeito nenhum. So sou contra a forçaçao. Aqui em casa eu ainda cozinho como sempre, ainda mais que agora consigo juntar o nome ao legume nas prateleiras do supemercado. Quer dizer que os amiguinhos das crias acabam experimentando algumas coisas que nunca tinham comido antes, e os meus ficam todos faceiros dizendo que é 'comida brasileira' (deve ser... afinal é uma comida feita por uma brasileira...desajeitada, é verdade, mais brasileira, quand même). Outra coisa é meu chimarrao amado. Todo mundo pensa que é algum tipo de substancia psicotropica por isso ainda nao ousei sair por ai com ele, mas nas redondezas do meu territorio eu tomo sempre e toda a vizinhança ja andou experimentando, a Giu adora também. O jeito de fazer churrasco que ainda nao mudamos, o que quer dizer que o Rudi continua fazendo no carvao graças a nossa bolha metalica 9quer dizer, continuava...quando ainda nao tinha toda essa neve). Musica brasileira também nao paga pedagio aqui. Uma das coisas que mais gosto é de ouvir sambao no MP3 quando tô indo pra universidade abaixo de neve. Chega a ser psicotico isso, mas tenho a impressao que a sensaçao de frio diminui (este fato nao tem nenhuma comprovaçao cientifica). Sabado e domingo, Chico e Djavan fazem a festa aqui em casa, especialmente sabado que é dia de faxina. Se um esquece, o outro vai la e liga. Ou seja, nao me acho nenhuma desertora da cultura brasileira, eu gosto, eu mantenho, mas dai pra obrigar os outros também a fazerem...da um tempo!
No entanto, se tem uma coisa que eu pego no pé da galera direto ( e o Rudi no meu, é verdade), é pra falar português direito. Nao sei se eles vao escrever bem o português, nao vou me estressar e muito menos nao vou atucana-los agora, mas eu queria que eles mantivessem (pelo menos um pouco) do português falado deles. Por isso, aqui em casa so falamos português, é a regra. A regra que funciona quando eu ou o Rudi estamos por perto, se nao, entre eles, a Giu e o Pedro falam francês di-re-to. Um olha pra cara do outro e so sai francês... Além disso, quando estamos todos juntos a gente se corrige, explica, mostra a diferença no sentido das palavras em uma lingua e na outra, mas eles... Eles balançam a cabeça 'Unhun' e seguem o baile, sem maiores reflexoes. De tao engraçado que eu tô achando esse periodo (sim, tô achando engraçado, fazer o que?) resolvi fazer uma coletanea das frases mais tipicas onde eles misturam as palavras, o sentido, fazem uma veraddeira salada luso-francofona. Passei uma semana anotando no calendario da cozinha toda vez que eles misturavam tudo. Quer dizer, quase nao dava pra fazer mais nada por que eles se 'melanjam' a cada minuto. Fiz isso, pra mais tarde, mostrar pra eles e dar risada. Eu adoro observar todas as etapas da adaptaçao dos meus lindinhos, eu admiro eles demais. Eles venceram com nota 10 'estrelinha' toda a primeira etapa destes quase dois anos de vida aqui. Eles têm amigos, vao bem na escola, falam francês sem sotaque (a Giu falou que o professor dela disse assim: mas como é que tu es brasileira e nao tens nenhum sotaque no teu francês? Ela disse que nao sabia, e ele: Ah, seria legal que tu tivesse um sotaquezinho...Ça serait le fun!), e sao maravilhosos em tudo (obvio! hihi). Entao ai vao as famosas frases, pena que quem nao entende francês nao vai poder rir...mas paciência!
1) Tu tirou a descarga?( = tu apertou a descarga?)
2) Tava tri amusant! ( essa é gauchês = tava tri legal!)
3) Para de ficar melangeando a agua, né? ( A Giu e o Pedro escovando os dentes juntos na pia. Ela queria dizer pra ele parar de misturar a agua quente com a fria)
5) Nao é joke! Para de rir! (=nao é uma piada!)
6) Eu vou pra minha chambre, ta? (= eu vou pro meu quarto...essa é de doer!)
7) Giu: Eu tapava o botao, tapava e nada acontecia.
Eu: Amor, nao é 'tapar' que a gente fala em português.
Giu (pensa...): Ta mae, tu entendeu...eu frappava, frappava!
8)Eu tenho que ir de soulier sportif. (= tenho que ir de tênis)
9) Para de me dérranger! (= para de me incomodar!)
10) O que isso nos aprende? (= o que isso nos ensina?)
11) Ele me fez medo! (=ele me assustou!).
12) Ele vai aprender o cachorro a deitar. (= ele vai ensinar o cachorro a sentar.)
13) Eu posso ter uma gomme? (=posso comer um chiclé?)

Pois é...acho que deu pra ter uma idéia, né? Mas nao pense que isso me incomoda. Nao mesmo. A gente vai com calma, com paciência, sem crise. Nada de crise! Como diz aquela musica: 'tudo esta no seu lugar, graças a Deus!'

Wednesday, November 14, 2007

Tuta's way of life

Mais um post da série "aniversarios da familia Buscapé". Aviso aos navegantes: esse é o ultimo...hehehe Minha criatividade, que ja nao é la tudo isso, ta terminando de vez. Mas nao dava pra deixar de escrever alguma coisa pro Tuta. Pra quem nao sabe, Tuta é o pseudônimo que o Pedro deu pro meu pai. É uma longa historia, mas basta dizer que o tal pseudônimo resolveu de uma vez por todas o problema do meu pai que nao queria de jeito nenhum ser chamado de "vô". Como o Pedro foi o seu primeiro neto, coube a ele inventar um jeito de chamar o "avô" sem falar "avô". Voilà que ele inventou "Tuta" e os netos seguintes apenas seguiram a tendência sem muito questionar.
Meu pai nunca foi de falar muito, interagir muito, participar muito. Ele tava sempre meio que no canto dele, deixando pra minha mae todas as incomodaçoes com os rebentos. Quando ele se metia, ja sabe: é por que fedeu.
Além disso, minha mae sempre tratou ele como um rei. Antes dele chegar em casa, no inicio da noite, ela se certificava que todos estavam banhados, jantados e, de prefêrencia, calmos e quietos. Lembro dela jogando perfume pela casa e aproveitando para salpicar umas gotas de "Alfazema" nos nossos pescoços. Barulho de chave na porta. Prepara-se a procissao. Deus o livre que eu e meus irmaos nao estivéssemos de pé esperando para beija-lo. Disciplina militar, ta pensando o quê? (E depois me chamam de "sargenta"...heheheeh).
Meu pai nunca me deu muitos discurssos, o que ele tinha que dizer era geralmente curto, e digamos, objetivo. Talvez por isso, o que ele me ensinou de mais precioso eu aprendi observando o jeito dele ser. Ele sempre detestou gente folgada, presunçosa, orgulhosa, preguiçosa. Ele sempre trabalhou muito forte e era reconhecido pela moral e pela ética inabalaveis. Ele podia ter ficado bem rico se seguisse a "massa", mas nao o fez. Nada, nenhum valor e nem ninguém tirava o meu pai do trilho ou abalava a sua moral e os seus valores. Essa foi a primeira liçao de vida que ele me deu: nao vale a pena jogar sujo.
Ele saia todo dia cedinho e todo cheiroso, exalando loçao pos-barba que até a criatura que tava esperando o ônibus na esquina devia sentir. Entrava no carro, sempre atrasado (por que tinha demorado três horas no banho e mais três lendo todo o jornal) e logo acendia um cigarro. Eu e meu irmao sentandos no carro, rezavamos baixinho para nao ter trânsito, se nao as irmas na escola (que nao perdoavam) nos dariam mais uma repreensao por atraso. Ai, ai...Deviamos ter umas vinte por mês (considerando que cada semana tem cinco dias, faz a conta). A gente explicava que a culpa era do meu pai, mas elas nao estavam nem ai e nem ele....hehhe A gente que se ferrava. Sendo assim, logo que eu pude, me desvencilhei do meu pai e de seus banhos de colônia e seguia sozinha de ônibus pra escola, no fedorzao do buzao mesmo. Esse pequeno incidente que poderia ser algum motivo de complexo pra mim, por acaso nao foi. Ao contrario, aprendi pra toda a vida que depender dos outros é (salvo rarissimas exceçoes) uma grande furada. Aprendi a resolver os meus lances sozinha mesmo, quando a coisa ta parecendo muito complicada. Quer chegar cedo? Pega o ônibus lotado das 7 da manha. Tudo bem. Nunca morri por causa disso e acabei provando pra mim mesma que eu podia me virar. Eu nunca vou poder explicar pra ele o quanto essa liçao foi valiosa e ainda é.
(Engraçado, a memoria olfativa é algo realmente impressionante. Até hoje, cigarro e loçao pos-barba tem cheiro de estresse pra mim.hehehe Mesmo assim, esses cheiros me lembram também a presença do meu pai o que faz com que às vezes, mesmo odiando cigarro, eu até aprecie um pouco o cheiro do tabaco queimando.)
Um belo dia, Tuta resolveu dizer que eu escrevia bem. Bingo. Eu tinha 10 anos e até hoje nao parei de escrever, pra tudo, por tudo e pra todos. Basta dizer que até meu trabalho atualmente é baseado absolutamente na escrita. Mas eu escrevo também pra relaxar ou seja acabou virando verdadeiramente um prazer pra mim. Nao sei nao, mas acho que muito disso foi por que ele (meu exemplo maximo de competência na vida) resolveu me dizer que eu fazia uma coisa muito bem.... e eu acreditei. hehehe Ainda hoje eu estava revisando a traduçao que uma aluna (francofona, obvio) tinha feito de um artigo meu que estava em inglês pro francês. Mudei daqui e dali antes de mandar pra revisora. La pelas tantas pensei " Teu peito, cucaratcha!!! Revisando o francês da guria!". Mas sei la... Palavras escritas acabaram virando paixao. Mesmo meu enorme prazer de ler eu devo ao Tuta. Ta certo que ele exagerava um pouco me dando um exemplar de Dom Quixote (de dois milhoes e meio de paginas) ou entao uma copia de "O homem que calculava" pra ler. Ninguém merece isso aos doze anos...hehehe Mas valeu. De tanto ver ele lendo, acabei imaginando que devia ter alguma coisa divertida nisso.
Meu pai é famoso por ter sempre alguma coisa pra ler nas maos. Uma vez, na escola, a turminha do Pedro (ele devia ter uns 6 aninhos) recebeu a visita de um jornalista que tinha ido falar de sua profissao. No fim, o Pedro foi falar pra professora que o seu avô também era jornalista. Na saida a professora veio me ver contando isso. Eu nao entendi nada e perguntei pro Pedro de onde ele tinha tirado essa idéia de que o Tuta é jornalista. Ele me disse " mas mamae, ele ta sempre lendo o jornal". Ou seja...
Também nao posso deixar de dizer que ele é uma figuraça escondida atras de uma carapaça séria. Ele tem um humor acido pior que o meu (é meu mestre, na real). Muitas das suas tiradas nao posso contar aqui graças a uma certa censura que eu mesma me coloco, mas algumas de suas maximas eu nao resisto. Abaixo algumas das frases (provérbios...hehehe, ditados) preferidos do meu pai e que me sao especialmente uteis na vida.
" Touro em pasto alheio é vaca". Essa é a minha predileta. Até traduçao pra francês e inglês eu ja fiz. Ja me foi muito util em todas as viagens e mesmo quando eu ia na casa de alguém durante a infância.
"Todo picareta é simpatico". Embora o contrario nao seja necessariamente verdade, ja tive a oportunidade de comprovar muitas vezes essa maxima.
"Nao te mete de pato à ganso". Querendo dizer, nao tenta ser ou aparentar mais do que tu és, sempre acaba em problema.
Como deu pra perceber, meu pai é verdadeiramente um exemplar de "gaucho" (eu diria quase "gaudério") e essa talvez seja a ligaçao mais forte que eu tenho com a terra onde eu nasci. Eu nao sou a admiradora mais ferrenha do povo dos pampas, embora nao tenha nada contra. Também nao acho que seja o mehor lugar do mundo (nao mesmo, voyons, se nao eu nao estaria aqui...). Mas por alguma razao, eu tenho um certo carinho por Porto Alegre (tudo bem, relaxem, nao sou nenhuma desertora) e acho que em boa parte foi o Tuta que me ensinou a apreciar a cidade. Da "minha terra", eu guardei a paixao pelo chimarrao e pelo pôr-do-sol do Guaiba (isso sim, incomparavel), algumas amigas-irmas imbativeis e insubstituiveis, a simpatia pelo frio (e pelo vinho, pelo fondue,...), a imagem dos pampas que eu admirava sempre quando dava aulas na Universidade de Bagé, e um enorme sentimento de fazer parte de alguma coisa que me é despertado cada vez que eu ouço uma certa musica tradicional. En passant, essa é a unica musica gauchesca (nem sei se é mesmo) que eu gosto, por isso, pai, ouve ela quando tu quiser te sentir perto de mim (e me manda um CD por favor).

Vento negro (Fogaça)

Onde a terra começar
Vento Negro gente eu sou
Onde a terra terminar
Vento negro eu sou

Quem me ouve vai contar
Quero luta, guerra não
Erguer bandeira sem matar
Vento Negro é furacão

Tua vida o tempo
A trilha o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão
Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração

Dos montes, vales que venci
Do coração da mata virgem
Meu canto, eu sei, há de se ouvir
Em todo o meu país

Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei

Feliz aniversario, Tuta! Nos te amamos muito!