Hoje estamos completando dois meses de Quebec. É estranho, mas ainda temos a sensação de que o tempo é maior. Parece mais tempo... a sensação é de que aconteceram tantas (tantas!) coisas nestes dois meses, que eles valeram por dez. No entanto, quando nos damos conta do tempo real, vemos que ainda estamos muito no início por aqui, e que ainda tem muita coisa (boa!!!) prá acontecer daqui pra frente. Não vou dizer que esses dois meses foram fáceis. Muitas vezes nos sentimos muito sozinhos e sentimos (acho que eu especialmente, hehe) muita falta de falar muito tempo (= fofocar) com nossos amigos. A pior fase foi aquela semana que todo mundo ficou doente. Aí é que a gente se põe a valorizar a saúde e percebe que, estando todo mundo com saúde, o resto a gente vai dando um jeito. A vida tem uns jeitos meio radicais de fazer a gente valorizar o que realmente importa, né? Mas botando na balança, graças a Deus, tivemos muito mais momentos bons do que, digamos, não bons. Resolvi fazer uma lista das coisas que mais gostamos e das que menos gostamos por aqui ( até agora!).
Amamos:
1) Montreal: a cidade é linda e maravilhosa. Tem muitas atrações culturais. É uma super metrópole, mas esconde bairros residenciais fofíssimos. Um dos nossos preferidos é a Cote de Neiges.
2) Serviços para imigrantes: nota 1000! As equipes são muito bem treinadas, tem muita paciencia com o frances (e/ou ingles) macarronico da galera, tem muito boa vontade em ajudar e fazem as coisas parecerem mais fáceis do que pareciam antes de encontrá-los. Aconselho firmemente, a todos que forem imigrar, entrar em contato o mais rápido possível com este pessoal. Vale muito a pena.
3) Classe d'accueil: a escola para os filhos de imigrantes. Voces não podem imaginar como as professoras são especiais! Fora o estilo pessoal agradável e o bom treinamento que devem ter recebido, a criatividade delas é imbatível. As crianças contam maravilhas. Por exemplo: para ensinar as cores em frances, elas entregaram a cada um uma série de copinhos com sucos coloridos. Cada um escolhia um e eles ensinavam o nome da cor, a relação cor/fruta, o sabor, etc, etc. Para ensinar o nome dos estabelecimentos no bairro, eles fizeram uma pequena excursão pela rua e contaram (parte matemática) quantas épiceries, quantas boulangeries, quantas pharmacies, etc, ficavam próximas da école. Para aprenderem o nome dos ingredientes utilizados na cozinha, eles fazem aulas de culinária. Todos os dias, nas horas do lanhe e do almoço, as professoras passam e conversam com eles sobre o que a mãe mandou. Não é 10? Eles realmente não se dão conta de que estão aprendendo frances e o resultado é que agora, após um mes de aula (antes jamais tinham estudado frances) eles já se comunicam com os vizinhos e fazem frases completas. A mais engraçada é do Pedro, brincando com o Sebastien, nosso vizinho: Tu es un cochon! Ou da Giu para sua amiga Gabriela: Attends! J'arrive! Ou seja, a escola é o máximo!
4) Minha aula de frances: minha professora, quebecois mais que convicta, muito figura, faz das aulas uma grande diversão. Todos os dias lemos o jornal juntos, cada um le uma noticia, e todos comentam, criticam, dizem como é em seus países etc. Depois tem a parte de gramática e alguns exercícios em dupla ou outras discussões sobre temas que ela determina ou a gente escolhe.
5) Farmácias e Wal Mart: coloquei juntos por que não quero ser muito politicamente incorreta citando o Wal Mart sozinho (voces sabem das polemicas em torno dele). A verdade é que ambos tem uma variedade incrível de produtos e a parte de cosméticos e perfumaria (minha tentação especial) é gigante (mas, verdade seja dita, no Wal Mart é tudo mais barato).
6) Boulevard de Praieries / Parc de Praieries: é a nossa Av. Beira Rio aqui em Laval, é bem onde fica minha escola de frances. É na beira do rio que divide Laval de Montreal. É lindo demais! E o parque é muito grande e com muitos recantos para pic-nic. Vale a pena.
7) Bicicletas: tanto em Laval como em Montreal, as ruas são muito bem preparadas para os ciclistas, que por aqui pedalam na calçada. Comprei uma bici roxa, com direito a casque (capacete) e tudo! Imaginem que linda!!! Mas me divirto muito indo pra aula de bici, bem na boa. De onibus eu demoraria uma hora para chegar lá (por causa dos horários), de bici vou em 20 min.
Coisas que não amamos tanto assim:
1) Gente mal amada: existe em qualquer lugar, o pior aqui é que este tipo imbecil de ser humano, faz umas caras imbecis muito particulares (e facilmente identificáveis) quanto tu tá te quebrando pra tentar achar uma palavra no teu, não "muito vasto" vocabulário de frances. Em bom frances: "gentinha desgusting!".
2) Lixo: a galerinha é meio desencanada... Tá certo que não tem muitas latas de lixo, e isso é uma falta grave, mas o pessoal é meio, como diria o Pedro, "cochon" , as vezes.
3) Carne e azeite de oliva: sem comentários...
4) Homeless: tem um pessoal que seriam os mendigos, especialmente em Montreal (em Laval ainda não vi), mas são bem diferentes dos mendigos brasileiros. Olhando de longe tu podes até nem perceber. Eles costumam ficar nos lugares onde os turistas frequentam mais.
Estou tentando pensar, mas não encontro neste momento nada mais de "menos bom"que tenhamos achado por aqui. A verdade é que temos apenas dois meses de Canadá (Quebec) e que tudo ainda é novidade. Felizmente a maioria das novidades são boas, a maioria das pessoas são amáveis, a maioria das comidas são boas (bem boas!), e todas essas experiencias são mais do que enriquecedoras: são impagáveis!